Editoria: Vininha F. Carvalho 08/09/2006
As discussões em torno de uma possível pandemia da gripe aviária são ouvidas nos quatro cantos do mundo. Na América do Sul, o discurso gira em torno de ações preventivas como o Plano Nacional de Prevenção à Influenza Aviária. Isso porque, como esta parte do continente não é rota de aves migratórias, o risco da doença desembarcar em países como o Brasil é remota.
Nesse cenário, a Fort Dodge Saúde Animal, uma das líderes mundiais do setor de vacinas veterinárias, informa que poderá importar vacinas contra a gripe aviária caso sejam solicitadas pelas autoridades sanitárias.
"Vamos acompanhar e acatar as decisões do governo", confirma Diptendu Mohan Sen, presidente da Fort Dodge no Brasil. Essa postura já foi assumida pelo USDA (siglas em inglês para Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que, apesar de se proteger de todas as formas para evitar a chegada da gripe aviária, mantém um estoque preventivo de vacinas.
Como resultado do esforço continuado da área de pesquisa e desenvolvimento da Fort Dodge, a empresa já dispõe de sete diferentes vacinas contra a Influenza Aviária (IA), todas inativadas. Quatro dessas vacinas foram especialmente produzidas para atendimento do contrato firmado entre a empresa e o USDA, para a formação de um banco de antígenos vacinais, em volume suficiente para a produção imediata de 40 milhões de doses de vacinas contra a IA, em caso de necessidade (10 milhões de doses de cada um dos seguintes subtipos do vírus - H5N2, H5N9, H7N2 e H7N3.
"As vacinas foram fabricadas e encontram-se estocadas nas instalações da Fort Dodge em Charles City, Iowa [EUA], à disposição das autoridades sanitárias do governo americano", explica Mohan Sen.
Até agora, a gripe causada pela mutação do vírus H5N1 atingiu menos de duas centenas de pessoas no mundo, sendo que ainda não houve registro de transmissões entre seres humanos. "Agir preventivamente é necessário", completa Mohan Sen. O Brasil já tomou algumas atitudes preventivas como a instalação de 46 unidades de sentinela ao redor do País. Só no Estado de São Paulo, já existem 1.500 profissionais de saúde capacitados a identificar o vírus Influenza.
Os casos da doença apareceram inicialmente na Ásia, mas já atingiram países da África e da Europa. Para evitar a disseminação do vírus, a comunidade científica internacional e as autoridades vêm trabalhando intensamente no sentido de identificar a padronizar os procedimentos básicos e obrigatórios que devem ser implementados em caso de ocorrência de surtos da IA. Em alguns países, a vacinação já foi aplicada como estratégia de prevenção. São os casos da China, México, Indonésia, Paquistão e Itália, que optaram pela vacinação.
Na Europa, a Fort Dodge se destacou com a vacina Poulvac i-AI H5N9- H7N1, utilizada com sucesso no controle do surto de IA na Itália. Essa vacina contém dois subtipos virais e, dessa maneira, possibilita a diferenciação entre animais vacinados e infectados apenas pela sorologia das aves.
Seguindo o exemplo do acordo feito com o governo americano, a Fort Dodge negocia com alguns países europeus e asiáticos um contrato para o estabelecimento de bancos de antígenos vacinais.
Em parceria com o St. Jude Childrens Hospital (EUA), a companhia também desenvolveu uma vacina contendo o subtipo H5N3, que é fabricada por meio da reversão genética. Esse procedimento consiste em retirar do vírus a sua porção genética responsável pelo aparecimento da enfermidade sem extrair a porção responsável por estimular o sistema imune das aves, garantindo assim a máxima eficácia aliada a alta segurança. Além disso, essa técnica permite, de maneira rápida e precisa, a diferenciação entre vírus de campo e o vírus vacinal.