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Massoterapia e quiropraxia são técnicas da medicina complementar utilizadas para os equinos

Editoria: Vininha F. Carvalho 01/12/2006

O conceito de massoterapia consolidou-se no campo da medicina humana complementar, e gradualmente também vem causando impacto no mundo veterinário. Nos EUA e na Europa as técnicas são regularmente usadas em conjunto com tratamento alopático para eqüinos, tanto como tratamento de acompanhamento de apoio para lesões ou doenças quanto como manutenção profilática para cavalos de todas as disciplinas.

As técnicas se tornaram bastante refinadas e são usadas mediante uma abordagem holística, assegurando que todos os músculos e grupos musculares do corpo inteiro sejam isolados. Isto é especialmente importante à medida que o esforço atlético e lesões podem criar posturas ou movimentos compensatórios em áreas não diretamente relacionadas ao local do dano tecidual.

Portanto, é importante que o profissional qualificado seja capaz de isolar estas mudanças na função tecidual: inicialmente elas podem ser pequenas, mas ao longo de um período prolongado de tempo as mudanças que ocorrem podem afetar seriamente o funcionamento locomotor normal, assim como causar patologias secundárias.

Por exemplo, um cavalo diagnosticado com doença degenerativa na articulação das extremidades pélvicas freqüentemente terá problemas nas áreas toracolombar e lombosacral, devido a movimento compensatório. Isto é especialmente observado se a patologia DJD for unilateral.

De forma inversa, qualquer problema crônico na espinha, tal como processos de sobreposição espinhal, patologias do ligamento supra-espinhal ou lesão na região sacro-ilíaca, pode causar movimentos compensatórios que podem causar coxeadura e até mesmo maior interrupção do funcionamento musculoesqueletal normal. Vale observar que mudanças iniciais no funcionamento muscular com freqüência têm correlação com um distúrbio ortopédico subclínico.

Os problemas podem se originar de traumas agudos como quedas, ser arremessado na baia, acidentes de percurso, parto, fraturas e outros, embora condições mais crônicas possam ser igualmente prejudiciais à função perfeita do sistema muscular –isso inclui problemas causados por conformação geral.

Desequilíbrios no ferrageamento (médio-lateral, dorso-ventral) podem causar carga desigual e quebras no movimento, o que, por sua vez, afeta os tecidos duros e moles das extremidades proximais.

Problemas dentários tais como curvaturas indevidas, sobreposições, boca “frouxa”, mandíbula muito ou pouco saliente e má oclusão geral causarão problemas na articulação temporomandibular e afetarão o funcionamento dos músculos paravertebrais percorrendo o dorso inferior. O encilhamento incorreto pode causar grandes problemas, sendo que já se cogitou que males crônicos induzam sintomas de síndrome navicular.

Cavalos com laminite ou patologias naviculares com freqüência sofrerão de estresses nos músculos extensores das extremidades torácicas, envolvendo todo o aparato de apoio, assim como impondo pressão sobre os músculos da região toracolumbar.

No caso de condições neurológicas como CVVM ou CVI (‘síndrome de Wobbler’) ou EPM, muitas vezes se encontra ataxia crônica e atrofia muscular, e o trabalho de reabilitação deverá incluir exercícios para promover a simetria de movimentos, assim como a estimulação dessas áreas com atrofia: muitos exercícios podem ser realizados à mão eliminando a necessidade de trabalho montado, o qual pode ser perigoso se há lesão neurológica.

O mau alinhamento de vértebras afetará o funcionamento muscular à medida que a enervação dos nervos paraespinhais ficará debilitada devido a subluxações. Estas subluxações podem ocorrer tanto através de trauma direto quanto através de patologias crônicas, conforme mencionado acima.

O alinhamento da coluna vertebral pode ser tratado com quiropraxia através de ajustes de alta-velocidade baixo-impacto que visam cadenciar a ação reflexa muscular na área afetada e aliviar a tensão causadora do mau alinhamento. Esses ajustes são particularmente efetivos em conjunto com técnicas de release (alívio) nos tecidos moles.

Os ajustes são igualmente importantes na região pélvica, onde problemas agudos e crônicos muitas vezes causam um mau alinhamento grave o suficiente para prejudicar a locomoção normal, uma vez mais impondo tensões assimétricas nos sistemas musculoesqueletais.

Pesquisas mostraram que o uso destas técnicas suaves na região OAA (occipito-antlanto-axial) para aumentar a gama de movimento nessa área melhorou a locomoção em geral –isso foi demonstrado em cavalos que haviam sido rotulados como maus atletas, embora nenhuma diagnose clínica feita mostrasse uma razão para a perda de função.

Outro estudo demonstrou a eficácia de leituras termográficas tiradas antes de tratamentos, para mostrar áreas lesionadas que não podiam ser identificadas numa diagnose clínica –esta é uma ferramenta útil e não-invasiva para ajudar em diagnósticos, especialmente em casos com performance atlética reduzida que não mostram quaisquer sintomas claros.

Registro de imagem térmica infravermelha antes de tratamento mostrando distribuição assimétrica de calor tecidual na parte inferior do dorso, com áreas isoladas de frio, marcando fluxo parassimpático reduzido e perda de funcionamento muscular normal.

Imagem térmica infravermelha do mesmo cavalo seguindo tratamento, mostrando um retorno da distribuição de calor normal e um retorno concomitante ao movimento normal.

Terapias de musculos devem ser aplicadas com cuidado, especialmente nos estágios iniciais de tratamento quando o cavalo pode ter uma reação forte, sobretudo em casos com problemas crônicos.

Métodos seguros de alongamento passivo deverão ser introduzidos na administração e padrão de treinamento de todo cavalo: tem se demonstrado que o alongamento após exercícios pode reduzir significativamente o efeito DOMS (ataque retardado de dor muscular).

Sempre que aplicados corretamente, programas de terapia de tecidos moles e de alongamento passivo podem trazer grandes benefícios ao cavalo, tanto como tratamento em paralelo à medicina alopática quanto como forma de manutenção preventiva.

Autoria: Nicole Rombach - PG AM, APM, MEBW, CBW, MIPTI
Presidente da Equinenergy Ltd. Reino Unido/Brasil







Fonte: SKS Promoções