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Primata em extinção é pesquisado no Piauí

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/10/2005

Pesquisadores do Ibama encontraram indícios consistentes da presença do macaco guariba em mais de 30 áreas de mata na região norte do estado do Piauí e confirmaram sua presença em pelo menos outras 10 áreas. As duas expedições realizadas até agora percorreram am quase 4.000 Km e visitaram 107 áreas de remanescentes de mata.

O macaco guariba, conhecido cientificamente como Alouatta ululata, está entre as dez espécies de primatas brasileiros consideradas criticamente em perigo pela Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Sua distribuição geográfica abrange, além do Piauí, os estados do Ceará e Maranhão.


O Projeto:

Este trabalho é realizado pelo Centro de Proteção de Primatas Brasileiros do Ibama (CPB), em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado do Piauí (SEMAR), e conta também com o apoio da Gerência Executiva do Ibama no estado.

O trabalho de mapeamento tem por objetivo além de registrar as áreas de ocorrência das populações remanescentes da espécie, obter uma estimativa do tamanho dessas populações e identificar espacialmente o estado de conservação dos animais ao longo de sua área de ocorrência. Estes dados subsidiarão a elaboração de um plano nacional para conservação da espécie.

O mapeamento no Maranhão está previsto para 2006. No Ceará o CPB identificou no ano passado 18 áreas de ocorrência da espécie. O número de áreas de ocorrência no Piauí, entretanto, vem surpreendendo os pesquisadores, estado onde os dados científicos sobre a ocorrência da espécie eram até então bastante escassos. A continuar a crescer assim a relação de áreas de ocorrência, os pesquisadores poderão ter que permanecer mais tempo no Piauí do que o inicialmente
programado.


Ameaça da espécie:

Embora ainda não tenham sido processados todos os dados do trabalho, os pesquisadores adiantam que a caça é uma das principais causas de ameaça para a espécie, além da redução das matas. Em algumas localidades no Piauí a ação dos caçadores provocou o desaparecimento recente dos guaribas e em outras o seu extermínio pela caça é iminente:

“ É uma caça extremamente covarde porque o animal denuncia sua presença ao vocalizar intensamente, e ao invés de fugir quando surpreendido pelos caçadores, tenta esconder-se inutilmente. Os caçadores conseguem assim matar bandos inteiros”- diz o Biólogo Marcelo Marcelino, chefe do CPB e membro da equipe de pesquisa. Em contra-partida, os pesquisadores encontraram diversos proprietários de terra preocupados com a conservação dos guaribas, que transformaram as suas propriedades em verdadeiros santuários para a espécie.


Os guaribas:

Os guaribas, também conhecidos como capelão ou bugio, são animais grandes que chegam a pesar mais de 6 kg e possuem como principal característica à capacidade de emitir potentes vocalizações, que podem ser ouvidas a grandes distâncias.

Essa capacidade se deve a um proeminente osso hióide na garganta, que funciona como uma caixa de ressonância, amplificando o som do seu grito. As vocalizações são ouvidas normalmente no começo da manhã e ao entardecer. Acredita-se que sirvam para estabelecer sua área de domínio na floresta em relação aos demais grupos de guaribas.

De hábito diurno, estes animais passam a maior parte do tempo no estrato superior das árvores, alimentando-se basicamente de folhas e frutos. As folha representam entre 40 a 50% de sua dieta, que é bastante pobre em proteínas.

Para compensar, os guaribas passam a maior parte do seu período de atividade descansando. Vivem em grupos de seis a oito indivíduos em média, que geralmente é constituído por um macho adulto, dominante, duas fêmeas adultas e um número variável de animais juvenis e filhotes.

As fêmeas reproduzem um filhote a cada gestação, que dura em torno de seis meses. O filhote permanece agarrado à mãe até o vigésimo mês quando é desmamado.


O Gênero Alouatta:

Os guaribas pertencem ao Gênero Alouatta, que engloba atualmente 10 espécies, habitando variados tipos de florestas nas Américas do Sul e Central. Seis espécies ocorrem no Brasil, dessas, três são endêmicas ao território brasileiro, isto é, só ocorrem em nosso país. Os macacos da espécie Alouatta ululata têm coloração predominantemente negra com as mãos, pés, a ponta da cauda e parte das costas de cor variando de castanho-avermelhado a
pardo-amarelado, com a parte lateral do corpo com pêlos mais longos e espaçadosde cor dourada.




Fonte: Assessoria de Comunicação Ibama