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As baleias jubarte estão de volta.

Editoria: Vininha F. Carvalho 16/05/2006

A temporada das baleias, iniciada no final de junho, segue até outubro, quando elas se reproduzem para depois retornar ao pólo sul, na Antártida, onde passarão todo o tempo se alimentando de peixes e crustáceos. Segundo o Instituto Baleia Jubarte, elas comem até duas toneladas por dia, o que lhes garantirá uma camada grossa de gordura que servirá de reserva de energia.

Observadas na distância permitida para atividades de pesquisa, foi possível ver de perto o dorso escuro de cerca de 15 metros de comprimento em movimentos imponentes que, segundo os técnicos, podem estar associados ao ritual de acasalamento.

Segundo a estudante de zoologia e estagiária do IBJ Luena Fernandes, há várias hipóteses para o porquê dos saltos, típicos dos mamíferos marinhos. "Pode ser para demonstrarem força na disputa pelas fêmeas ou mesmo para se livrarem dos parasitas", explica.

O litoral baiano é o local de maior concentração desses animais, de Prado a Praia do Forte, onde encontram profundidade e temperatura adequadas para copularem e parirem os filhotes, cumprindo o ciclo reprodutivo. Segundo Marcovaldi, a população desses animais está crescendo. "Isso dá a sensação de que o mundo ainda tem jeito", afirmou ele, resumindo sua satisfação com o resultado conseguido desde que a pesca de baleias foi proibida no País, em 1987.

O pescador e mestre do Baleiada, Manuel da Conceição Nunes, 63 anos, disse que a pesca de baleias foi intensa na Praia do Forte até as primeiras décadas do século passado. "Os antigos pescaram muito, ainda alcancei as ossadas", disse. Segundo ele, até as cercas eram feitas com as costelas das baleias. "A última baleia que pegaram aqui foi no dia do casamento do meu pai. Assim ele contava", disse. Segundo seu Nuca, como é mais conhecido, durante a Segunda Guerra Mundial muitas baleias foram abatidas por ser confundidas com submarinos alemães.

Ele considera "muito importantes" as iniciativas para a conservação: "Antes, se contavam as baleias que apareciam. Hoje, não. Em Sauípe, ano passado, teve pescador que saiu do pesqueiro com medo de tantas que apareceram", disse. O IBJ foi criado em 1996. Com cerca de 60% dos recursos fornecidos pela Petrobras, o instituto já identificou 2.500 baleias. Segundo Marcovaldi, a população total é estimada em quatro mil indivíduos.


Dados vão explicar mais sobre comportamento

A rotina dos pesquisadores quando embarcados envolve o uso de instrumentos para coleta de dados do ambiente e dos animais. Em vários pontos são feitas medições de temperatura da água, da intensidade e direção do vento e marcada a localização via satélite dos bichos avistados. Segundo o coordenador do Instituto Baleia Jubarte, Enrico Marcovaldi, os dados poderão indicar a influência das condições ambientais sobre o comportamento das baleias. Ontem, somente depois de uma hora de navegação foram avistados os primeiros animais.

"No dia que a gente vê muita baleia saltando é sinal de que o tempo vai mudar", disse. "A técnica que nós temos desde pequeno ultrapassa esses equipamentos", disse, enquanto manejava o timão do Baleiada, barco de seis cilindros e 250 cavalos de potência. Envolvido com o mar desde criança, quando chegava a se esconder no saveiro do pai para ir pescar, ele falou como fazem os pescadores dali para identificar os locais de pesca: "Olhando a terra a gente sabe onde estão os pesqueiros e a profundidade", afirmou.

Apesar da boa aproximação com as baleias avistadas próximo à Praia do Forte, na tarde de ontem, não foi possível fazer a coleta de material da pele delas. "Não deram oportunidade". Assim, Marcovaldi justificou não ter disparado a balestra, instrumento semelhante a um arco que tem na ponta da flecha um cilindo de três centímetros de comprimento e meio de diâmetro que perfura a pele da baleia. A pele juntamente com a gordura é analisada para identificação.


Ficha do bicho:

A baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) é uma espécie cosmopolita, distribuindo-se por todos os oceanos. São animais migratórios que se deslocam anualmente das áreas de alimentação para as áreas de reprodução. Se reproduzem no Brasil e passam o verão nas proximidades da Antártida, se alimentando de krill - um minúsculo tipo de crustáceo. Chega a medir 16 metros de comprimento e pesar até 40 toneladas. São facilmente reconhecíveis pelas nadadeiras peitorais brancas que são muito maiores em relação ao tamanho do corpo. Após gestação de 11 meses, dão à luz um único filhote, que será amamentado durante um ano, mamando cerca de 200 litros de leite por dia.

Fonte: Instituto Baleia Jubarte