Ave de Rapina
Onça
Cachorro
Cavalo
Gato
Arara

Mudanças climáticas prejudicam mamíferos e aves do Mar de Bering

Editoria: Vininha F. Carvalho 18/08/2006

Localizado entre a Sibéria e o Alasca, o Mar de Bering, um dos principais locais de alimentação de baleias, morsas e aves marinhas, está se aquecendo de tal maneira que os animais estão sendo forçados a se adaptar ou sofrer as conseqüências.

A metade localizada mais ao norte do Mar de Bering tipicamente era coberta por gelo sólido durante sete meses ao ano, mas agora há menos gelo em toda parte. O derretimento sazonal está iniciando mais cedo na primavera, disse Jacqueline Grebmeier, uma especialista em ecologia marinha da Universidade do Tennessee, em Knoxville (EUA).

Alguns animais, como a baleia cinza, estão se movendo mais para o norte, seguindo a água mais fria. Enquanto o salmão, tipicamente encontrado no sudeste do Mar de Bering, também está se movendo para o norte.

Outros animais do norte do Mar de Bering talvez não consigam se adaptar o suficiente para sobreviver. Espécies de focas e morsas, as quais se alimentam no fundo do mar, estão lutando contra a escassez de comida. Certas espécies de pato também estão encontrando dificuldades.

“A população de patos está diminuindo, assim como o seu estoque de comida”, disse Grebmeier. Esta pesquisa foi publicada na edição online do Science Express.

O aquecimento do Mar de Bering, provavelmente, está acontecendo devido às mudanças climáticas e ao enfraquecimento dos ventos frios do norte, os quais sopram nesta área, afetando a sua temperatura. Geralmente, o mar é repleto de vida selvagem graças ao fitoplâncton, base da cadeia alimentar da região.

Estas minúsculas plantas marinhas iniciam o seu crescimento sob o gelo a cada primavera até que a sua população atinja um patamar extremamente rico em nutrientes, em junho.

Ao mesmo tempo que a superpopulação de fitoplâncton sufoca e morre, os seus restos ficam depositados no fundo do mar, criando uma camada de alimentos rica em carbono para camarões, minhocas e moluscos. Posteriormente, estes últimos sustetam populções de aves marinhas e mamíferos.

Mas a tendência atual de degelo, está interferindo no ciclo de vida do fitoplâncton. Agora há menos moluscos e minhocas se desenvolvendo no fundo do mar, disse Grebmeier.

A cobertura de gelo durante a primavera está diminuindo na região cerca de três semanas antes, comparando com 1997, disse Grebmeier, que vem estudando o impacto das mudanças climáticas desde 1980.

As informações coletadas demonstram que a temperatura do fundo mar aumentou de 1.6 graus Celsius negativos no início dos anos 90 para zero em 1998. Resumindo, Grebmeier disse que a região está mudando de um ecossistema Ártico para outro que parece ser subártico.

Grandes grupos de baleia cinza geralmente viajam para as águas mais ao norte do Mar de Bering vindas da Baja Califórnia. Elas retornam no outono, e a sua migração é a mais longa conhecida entre mamíferos marinhos.

Mas agora, os animais estão indo mais ao norte, para o Mar de Chukchi, a cima do Círculo Ártico, procurando por águas mais frias e por comida.

A baleias se alimentam vorazmente durante toda a primavera e verão, se preparando para o jejum de três a cinco meses durante 19.000 quilometros até a Baja Califórnia. Mas agora, algumas baleias estão tão confortáveis no norte que elas estão migrando somente até Kodiak, no Alasca.

Ao passo que as baleias cinza se movem mais para o norte, elas chegam cada vez mais perto do território de outra espécie de baleias (bowhead), as quais se alimentam fora da costa, de Krill.

Nativos do Alasca caçam esta espécie de baleia e estão preocupados que a baleia cinza, a qual é mais agressiva, interfira no comportamento da bowhead. “Há possibilidade de competição por espaço”, disse Grebmeier.

Fonte: CarbonoBrasil