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Parvovirose canina, uma doença muito grave !

Editoria: Vininha F. Carvalho 30/06/2006

Como o próprio nome já diz, a parvovirose acomete os animais da família Canidae e particularmente o cão, entre os animais domésticos. É uma enfermidade infecto-contagiosa viral, caracterizando-se por provocar no cão uma gastroenterite hemorrágica, isto é, sintomas de vômitos e diarréia com sangue, levando a uma alta letalidade entre os animais doentes.

O agente etiológico é um vírus pequeno do gênero Parvovirus cuja espécie é o Parvovirus 2, classificado na família Parvoviridae. Em termos antigênicos (antígeno é o nome que se dá a qualquer substância capaz de determinar uma reação imunológica no organismo produzindo um anticorpo específico para esta substância), está intimamente relacionado com o vírus da panleucopenia felina.

O parvovírus canino situa-se entre os mais resistentes vírus conhecidos, sendo, portanto, resistente à maioria dos desinfetantes comercializados. Entretanto, para inativá-lo, recomenda-se a utilização do hipoclorito de sódio, como por exemplo a água sanitária diluída na proporção de 1:2. Além disso, o parvovírus é bastante resistente às condições adversas do meio ambiente, sobrevivendo durante meses ou anos em fezes ressecadas.

Este vírus foi identificado pela primeira vez em 1978 como um vírus novo, sendo responsabilizado na época como causador de grandes surtos contagiosos de vômitos e diarréia sanguinolenta em cães susceptíveis, causando elevada mortalidade nos animais acometidos.

A partir deste ano, esta nova virose fez panzootia e hoje é de distribuição mundial. A vacina contra parvovirose foi colocada em uso 3 anos após o primeiro isolamento do parvivírus.

Nos animais domésticos o Parvovírus 2 afeta os cães de qualquer raça, sexo ou idade. Observa-se que cerca de 90% dos casos de doença ocorrem nos cães até um ano de idade e que a grande maioria dos adultos quando afetados pela parvovirose não adoecem e adquirem imunidade.

Pode-se estimar que por volta de 10% dos cães jovens contraiam a parvovirose apresentando as manifestações clinicas características da doença e que, entre os afetados, cerca de 90% irão a óbito se não atendidos rapidamente. Nos adultos, o número de animais que manifestam sintomas de parvovirose é pequeno, porém quando acometidos, a taxa de mortalidade também é alta, semelhante a dos cães jovens.

A infecção ocorre nos cães susceptíveis através do solo, da água e alimentos contaminados por fezes caninas, fezes estas veiculadas freqüentemente já secas, finamente aderidas aos pelos dos próprios cães ou através dos sapatos de pessoas que tenham acesso ao vírus nas ruas, praças públicas ou canis, formando assim uma verdadeira cadeia de contágio. Então, basicamente pode-se dizer que o vírus da parvovirose canina tem eliminação fecal pelos cães doentes e que a entrada nos cães susceptíveis se dá pela via oral.

Os parvovírus multiplicam-se apenas nas células que estejam sofrendo mitose, ou seja, aquelas células que estão sofrendo divisão. Inicialmente estes vírus multiplicam-se no tecido linfóide e pela viremia, a qual se estabelece cerca de 3 ou 4 dias após a infecção, disseminam-se por todo organismo, tendo predileção pelas células que estão se reproduzindo rapidamente, particularmente pelas células dos epitélios das criptas do intestino delgado.

O parvovírus canino quando inalado ou ingerido pelo cão, acomete inicialmente as tonsilas ou amígdalas e linfonodos regionais e depois através do sangue se dissemina para os outros órgãos. A quantidade dos vírus que alcançarão a corrente sangüínea está relacionada com a quantidade de anticorpos soroneutralizantes presente, determinando uma maior ou menor severidade da infecção.

Há uma notável variação na resposta clínica dos cães acometidos pelo parvovírus, oscilando desde uma infecção inaparente até os quadros fatais agudos. Fatores predisponentes influem nos casos fatais, pois aumentam a severidade da doença, dentre eles podemos citar: a idade, o esforço ou estres, raças mais susceptíveis, fatores genéticos, infecções simultâneas com parasitas intestinais (vermes e giardia, por exemplo), bactérias intestinais, enfermidades imunossupressoras, confinamento de muitos cães, diminuição ou ausência de anticorpos maternos transmitidos pelo colostro.

As bactérias gram-negativas poderão ainda promover infecções secundárias e úlceras intestinais, cujas alterações patológicas levarão a um colapso da mucosa intestinal e coagulação intravascular disseminada causada pelas toxinas destas bactérias e a seguir choque e morte.

Os primeiros sintomas observados nos cães com parvovirose são vômitos e diarréia. Estes cães infectados perdem completamente o apetite, tornam-se letárgicos, deprimidos e com falta de vivacidade.

Os vômitos costumam ser aerados, muito freqüentes, com cor clara ou biliosa. A diarréia é sanguinolenta, mas pode se iniciar com coloração esverdeada ou amarelada. O odor é muito desagradável, fétido e característico. Devido a grande perda de líquidos, rapidamente o cão desidrata, os olhos ficam fundos, a pele seca e a saliva viscosa.

Alguns animais que receberam tratamento intensivo, entre o 3o e o 5o dia comumente voltam a desejar água e aos poucos a começam a se interessar por alimentos, saindo do estado de apatia e em menos de uma semana apresentar-se-ão normais, como se nada tivesse acontecido.

Entretanto, cerca de 25 ou 35% dos cães acometidos, não resistem a parvovirose, apesar dos mesmos cuidados e terapia intensiva, principalmente se a diarréia for hemorrágica desde o início ou se o tratamento for tardio (ao redor do 3o dia da doença). Filhotes muito novos, com menos de 2 meses de idade podem apresentar morte súbita por miocardite.

O tratamento para a gastroenterite é de suporte ou apoio, basicamente de reposição, através de fluidoterapias, antibioticoterapias e antieméticos. Na fase crítica os alimentos e a água devem ser totalmente suspensos nas primeiras 24 ou 48hs, para não estimular o vômito.

Convém salientar que nem todas as diarréias sanguinolentas com ou sem vômitos são provocadas pelo parvovírus. Os vírus da cinomose e da hepatite infecciosa canina também podem provocar diarréia com sangue.

Apesar do diagnóstico clínico da parvovirose ser simples, apenas baseado na anamnese e nos sintomas envolvidos, particularmente para aqueles que já adquiriram mais experiência com esta enfermidade, o diagnóstico definitivo somente pode ser dado através da detecção do parvovírus presente nas fezes.

Testes rápidos (teste de ELISA) podem ser feitos com kits de testes para detecção do parvovírus na própria clínica veterinária. A Idexx Laboratories possui um teste de kit diagnóstico para a parvovirose preciso e específico, capaz de detectar rapidamente o vírus da parvovirose nas fezes, mesmo antes do aparecimento dos sintomas.

A possibilidade de se detectar rapidamente o parvovírus na própria clínica veterinária com uma tecnologia avançada de imunodiagnóstico é um fator crítico para a instituição de uma terapia adequada, quer para a prevenção da transmissão do agente infeccioso, quer para a limitação da contaminação ambiental.

Num canil, por exemplo, a confirmação de um caso positivo de parvovirose com um diagnóstico imediato é de fundamental importância para a efetiva intervenção (eliminando atrasos desnecessários no tratamento), limitação do agente e prevenção de futuras exposições mediante quarentenas efetivas e programação de futuras vacinações.

O prognóstico da parvovirose é sempre reservado, porque mesmo que o paciente esteja sendo tratado desde o primeiro dia da manifestação da doença, não é garantida a sua recuperação, pois não existe medicação e tratamento específicos contra o vírus, dependendo, portanto sempre do próprio organismo para a recuperação, auxiliado pela medicação de suporte.

A melhor forma de reduzirmos os riscos da parvovirose é protegermos preventivamente todos os cães através da vacinacão. Atualmente existe no mercado vacinas muito seguras e eficazes contra parvovirose que já podem ser aplicadas nos filhotes de cães a partir de 4 semanas de idade.

Cães jovens necessitam cumprir obrigatoriamente um esquema de vacinação contra parvovirose no início de suas vidas. Já os cães adultos necessitam de apenas uma vacinação anual.

Insistimos que embora as vacinas representem um custo aos proprietários, sempre este custo vai ser muito menor que o de um tratamento intensivo, tratamento este que nem sempre poderá salvar o cão doente.

Consulte seu veterinário de confiança ou venha se informar na Policlínica Veterinária de Cotia com relação à prevenção de seus cães contra a parvovirose.

Fonte: Dr. Gerson Bertoni Giuntini - Biólogo, Engenheiro Agrônomo e Veterinário

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