Editoria: Vininha F. Carvalho 01/12/2006
O livro Descargas Atmosféricas: Uma Abordagem de Engenharia (Artliber Editora), de Silvério Visacro Filho, professor da UFMG -Universidade Federal de Minas Gerais, reúne estudos que ajudam a desvendar os mistérios da física dos raios e a entender melhor a intensidade dos efeitos do fenômeno.
Segundo Visacro Filho, um dos principais objetivos da obra é oferecer orientações para a adoção de práticas eficientes que minimizem os efeitos destrutivos dos raios.
“Só a partir de uma abordagem fundamental da física dos raios conseguiremos chamar a atenção para medidas de proteção, seja por meio da segurança pessoal ou por cuidados que as empresas devem ter com as linhas de transmissão de energia”, disse Visacro Filho à Agência Fapesp.
Segundo o pesquisador, que é coordenador científico do Núcleo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Descargas Atmosféricas, uma parceria entre a UFMG e a Cemig - Companhia Energética de Minas Gerais, 70% dos desligamentos das linhas de transmissão no Brasil são causados por descargas diretas e indiretas.
Destinada a engenheiros, físicos e técnicos que atuam nos setores das engenharias elétrica, eletrônica e de telecomunicações, a obra serve também para leigos, pois traz informações básicas como a da formação de um raio. A explicação: um canal condutor entre nuvem e solo se estabelece, causando um efeito luminoso intenso, conhecido como relâmpago, e o deslocamento do ar com forte efeito sonoro, o trovão.
Alguns processos ainda são pouco conhecidos, explica o autor. Um deles, por exemplo, é explicar por que algumas descargas atmosféricas partem das nuvens em direção à estratosfera. “Temos mais lacunas do que conhecimento adquirido, e essa é a nossa maior motivação para continuar desvendando as causas e os efeitos dos raios”, conta Visacro Filho.
Não existe, no Brasil, uma estatística oficial de quantas pessoas morrem por ano vítimas de descargas atmosféricas. Estima-se que o território brasileiro seja atingido todos os anos por 60 milhões de raios, levando de 100 a 300 pessoas ao óbito. “Apesar dos grandes hiatos no conhecimento, dispomos de tecnologias avançadas para proteger a população desses fenômenos”, aponta o pesquisador.