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Pesquisador da USP reafirma importância das reservas florestais para preservação da Amazonia

Editoria: Vininha F. Carvalho 09/03/2007

Situadas em uma das áreas mais críticas para a conservação da Amazônia brasileira, conhecida como “Arco do Desmatamento” (leste do Pará), as reservas florestais do Grupo Agropalma, maior produtor de palma da América Latina, são de extrema importância para a preservação de uma paisagem altamente impactada por atividades humanas.


Esta constatação foi reafirmada por Luís Fábio Silveira, pesquisador do departamento de Zoologia da USP – Universidade de São Paulo, que realizou este ano um novo monitoramento da fauna da região a pedido da companhia.

Durante as campanhas promovidas em 2004 e 2006, foram registradas 346 espécies de aves, o que corresponde a aproximadamente 66% de todas já encontradas na área denominada “Centro Belém de Endemismo”, que possui cerca de 144 mil quilômetros quadrados.

“Com relação às aves ameaçadas de extinção, é importante destacar que registramos este ano todas as seis espécies detectadas anteriormente e pudemos acrescentar mais uma, o Jacamim-de-Costas-Verdes, cuja presença era conhecida apenas por relatos de mateiros”, explica Silveira.

O especialista acrescenta que uma das principais justificativas para se usar aves em avaliações de qualidade ambiental é o fato desses animais responderem rapidamente às alterações sem seus ambientes. “As aves desempenham um importante papel nos processos ecológicos, possuindo uma função de destaque na polinização e na dispersão de sementes, constituindo-se em um dos grupos fundamentais para a manutenção da diversidade das florestas”.

Outras espécies consideradas como boas indicadoras de qualidade ambiental são os gaviões de grande porte. “Na área de estudo, pelo menos três espécies foram avistadas, entre elas a Harpia, a mais possante ave de rapina do planeta e que se alimenta de macacos e outros vertebrados de médio porte”, conta o pesquisador da USP.

O trabalho apontou ainda que a densidade de cracídeos foi ligeiramente maior nas campanhas de 2006, indicando uma pequena recuperação das populações. Os cracídeos são popularmente conhecidos como Aracuãs, Jacus, Jacutingas e Mutuns e constituem um dos grupos mais ameaçados da América Latina, com mais de um terço das espécies em perigo de extinção devido à destruição das florestas tropicais e à caça ilegal.

“Papagaios e araras também estão entre os grupos de aves mais ameaçados do mundo. No Brasil, existem dezenas dessas espécies na lista oficial do IBAMA, sendo que duas delas ocorrem nas reservas da Agropalma: a Ararajuba e a Tiriba-Pérola”, alerta Silveira.

Com relação aos mamíferos, foi possível constatar este ano a presença de várias espécies, numa densidade relativamente maior do que em 2004, sugerindo que a pressão de caça é menor nos fragmentos mais distantes das fronteiras da empresa. Entre os animais observados, destaca-se o Cuxiú, uma espécie ameaçada de extinção.

Segundo o diretor comercial da Agropalma, Marcello Brito, a companhia resolveu investir em um novo programa de monitoramento de suas reservas florestais em função do elevado número de espécies ameaçadas de extinção detectadas no levantamento realizado em 2004.

“Adquirimos recentemente novas áreas de florestas na região e que ainda não foram inventariadas com relação à diversidade de aves e mamíferos”.

Para o zoólogo da USP, a iniciativa da Agropalma pode servir de exemplo para outras organizações. “São raras as empresas que se interessam em conhecer a biodiversidade em suas áreas e que percebem a importância de projetos de pesquisa de longa duração”, finaliza.


Fonte: Accesso