Editoria: Vininha F. Carvalho 23/04/2007
Deixem-me começar falando do meu amigo de anos atrás, Steve, um cientista proeminente e pensador rigoroso. Nos estávamos em meu apartamento, meu cão Duke, deitado no chão, e Steve estava falando de como os cães não podiam compreender palavras, mas apenas o tom de voz. Eu havia lido isso varias vezes, então eu concordei, embora eu tenha sentido que aquela suposta verdade não se aplicava a Duke, um pastor alemão branco. Um pouco depois, Steve me perguntou se eu queria sair para andar. Bingo! Duke se levantou imediatamente. Steve olhou para o cachorro e depois olhou para mim: adeus teoria!
Esse episódio me faz lembrar da recente descoberta de que cães e seres humanos começaram a andar juntos no Leste da Ásia por volta de 15 mil anos atrás. O ancestral dos cães era, provavelmente, o dócil lobo do Leste da Ásia, o qual, segundo a teoria diz, descobriu que a vida era mais fácil sendo o melhor amigo do homem do que ficar constantemente caçando, ou pior, sendo caçado. Em outras palavras, a domesticação dos cães foi idéia deles, embora eles não tenham previsto serem levados para passeio em lojas na ponta de uma coleira.
Não há duvida de que os lobos do Leste Asiático souberam reconhecer uma boa idéia quando a viram. Mas o que os antigos humanos do Leste da Ásia obtiveram com esse acordo? Essa foi a questão que deixou os cientistas perplexos em todos os relatos da pesquisa.
"Os cães devem ter desempenhado algum papel essencial nessas primeiras sociedades humanas", disse um deles, o Dr. Robert Wayne da UCLA. "Cães são uma boa companhia, mas saem caro. Eles comem carne e os humanos estiveram dispostos a pagar esse preco."
Wayne e outros ponderaram o porque disso. Cães são excelentes sentinelas. Eles latem frente à aproximação de estranhos. Cães podiam ser usados na caça. Cães provêem aquecimento em uma noite fria, se não nos importarmos com as pulgas. Cães podem ser usados como animais de carga ou tração, desde que a carga não seja muito grande. E em acréscimo, cães podem ser comidos, o que ainda acontece em certas sociedades.
Sim, sim. Mas alguns desses cientistas já olhou um cãozinho nos olhos? Aí está a resposta!!
Um cão é um animal maravilhoso, bonito, esperto e leal. Meu próprio Duke, um presente de despedida de uma namorada, foi uma surpresa muito grande para mim. Ele foi meu primeiro cão e foi como uma carta de uma pessoa querida, mas com quatro patas, e eu o amei completamente.
Mesmo sendo irresponsável em quase tudo o que eu fazia, eu me levantava com ele pela manhã e me apressava em chegar em casa e encontra-lo de noite. Eu conversava com ele, e claro, e acredite em mim, ele escutava. Ele era um grande companheiro.
Duke e eu passeávamos pelo país inteiro juntos. Ele ficou focinho a focinho com um búfalo em South Dakota. Ele já andou ao longo da costa da Califórnia e subiu as Montanhas Rochosas e já dormiu em hotéis terríveis. Ele de boa vontade aturou inúmeras das minhas namoradas, apartamentos apertados e os "babacas" ocasionais que achavam engraçado dar cerveja para ele beber. Ele raramente latia, só atacava quando em defesa e mostrava seu lado “animal” apenas quando corria atrás dos esquilos ou respondia as sirenes com um uivo que devia ser ouvido nas antigas noites no Ártico.
Duke amava o oceano, o Parque Central e, depois que nos mudamos para Washington, o caminho ao longo do rio Potomac. Enquanto eu estava no Exército, eu senti medo que ele esquecesse de mim e prendia a respiração quando chegava em casa. Mas ele sempre corria para os meus braços.
As últimas descobertas sobre os cães são realmente descobertas sobre os humanos. Aqueles asiáticos de antigamente compartilhavam o pouco de carne que eles tinham com os cães porque eles valorizavam o que os cães lhes davam, não coisas eminentemente praticas, mas o amor incondicional. Por essa razão, eles levavam os cães onde quer que fossem, eventualmente até cruzando a faixa de terra que os levou até o hemisfério Ocidental. Eles queriam o mesmo que nós queremos.
Nem tudo funciona para um propósito pragmático ou evolucionário. Nós buscamos conforto, amor, as coisas que um cão dá sem que exista uma palavra única para descreve-las. Uma vez, eu não acreditei, da mesma maneira que Steve, que os cães poderiam reconhecer linguagem.
Duke me ensinou que o contrário era verdadeiro, e quando ele estava para morrer, velho e debilitado com a artrite, ele se arrastou para um canto do jardim, se encostou na cerca e esperou calmamente pelo fim. Eu guardei o sua coleira. Eu ainda o tenho comigo.
Estou certo de que se os cientistas procurassem o bastante, eles encontrariam uma coleira ou algo semelhante enterrado com um homem ancestral. Eles ficariam sem saber o por que. Mas qualquer um que já tenha amado um cão poderá lhes explicar.