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Unidades de conservação do Arpa reduzem emissão de carbono na atmosfera

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/12/2007

Resultados preliminares divulgados em Bali, durante evento da Rede WWF, na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, apontam que as unidades de conservação ligadas ao Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do governo federal brasileiro, já ajudam a reduzir em 1,8 bilhão de toneladas as emissões de carbono na atmosfera. Esta contribuição pode aumentar em 0,6 bilhão de toneladas se as unidades de conservação previstas para serem criadas até 2008 pelo Programa Arpa forem efetivadas.

O estudo é uma parceria entre o WWF-Brasil, o Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e conta com o apoio do Woods Hole Research Centre, em Massachusetts (EUA).

O objetivo é quantificar o estoque de carbono dos 31,2 milhões de hectares de áreas protegidas hoje apoiadas pelo Arpa e avaliar o papel de cada uma delas na redução atual e futura das emissões do desmatamento.

Segundo o estudo, a Amazônia armazena 47 bilhões de toneladas de carbono. As unidades de conservação apoiadas pelo Arpa contêm 4,5 bilhões de toneladas deste total.

"Projeções indicam que a existência das unidades de conservação do Arpa representam uma redução de 1,8 bilhão de toneladas de carbono nas emissões do desmatamento até o ano de 2050", explica Laura Dietzsch, pesquisadora do IPAM e uma responsáveis pela análise.

O Brasil é hoje o quarto maior emissor de gases do efeito estufa e 75% desses gases são oriundos das queimadas e do desmatamento.

“A Amazônia tem um importante papel no clima mundial e o Arpa tem sido um dos instrumentos eficazes no combate ao desmatamento”, afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

Para Denise Hamú, a contribuição do Arpa na redução da emissão de carbono na atmosfera pode aumentar ainda mais se novas unidades de conservação forem criadas na Amazônia.

“Infelizmente, corremos o risco de o ano de 2007 findar sem que nenhuma nova unidade de conservação tenha sido criada na Amazônia pelo governo federal’, lembra a secretária-geral,

Arpa deve fazer parte de política mais consistente
As metas totais do Arpa são de apoiar a criação, implantação e consolidação de 50 milhões de hectares de unidades de conservação em 10 anos, dos grupos de proteção integral e uso sustentável, na Amazônia brasileira.

Iniciado efetivamente em 2003, o Arpa já apresenta resultados positivos, como demonstra este estudo, e está caminhando para o encerramento da primeira fase e preparação para lançamento da sua segunda fase, em 2008.

Cláudio Maretti, superintendente de Conservação de Programas Regionais do WWF-Brasil, questiona a não criação de novas unidades de conservação na Amazônia em 2007: “Estaríamos vendo um decréscimo da prioridade para essas políticas nos governos federal e estaduais brasileiros justamente quando maior contribuição é necessária para não piorarmos o quadro já quase catastrófico das mudanças climáticas?”

Para Maretti, é fundamental que as políticas de desenvolvimento sustentável para a Amazônia considerem seus valores ecológico-ambientais, econômicos, sócio-culturais, para as comunidades locais e povos indígenas, para as sociedades regionais e nacional, sem esquecer da contribuição ao mundo.

“Mas a conservação da Amazônia também é fundamental na adaptação da região, do Brasil e da América do Sul às mudanças climáticas que virão inevitavelmente”, conclui o superintendente do WWF-Brasil.

Convenção de Clima em Bali:

Os resultados preliminares da pesquisa divulgada em Bali durante evento da Rede WWF mostram que o Brasil tem tecnologia para quantificar com transparência os benefícios das unidades de conservação na redução do desmatamento em âmbito nacional.

A Convenção de Clima prevê transferência tecnológica, e as discussões em Bali estão avançando na área de incentivos positivos para a redução de emissões em países em desenvolvimento.

“Este estudo de caso fornece elementos significativos para subsidiar discussões sobre transferência de tecnologia para monitoramento do desmatamento e poderia ser incluído em uma cooperação Sul-Sul com a Indonésia, o terceiro maior emissor de gases do efeito estufa” conclui Karen Suassuna, analista em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, que participa do evento das Nações Unidas em Bali.


Fonte: Greenpeace