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Éspecies exóticas ameaçam biodiversidade no sul do País

Editoria: Vininha F. Carvalho 07/03/2008

As últimas florestas preservadas do Paraná estão sendo ameaçadas por um inimigo silencioso. As plantas e animais nativos estão perdendo espaço e sendo substituídos por exemplares provenientes de outros ecossistemas, as chamadas espécies exóticas.

A invasão biológica é apontada pelos ambientalistas como sendo a segunda maior causa de perda de biodiversidade na natureza, ficando somente atrás das ocupações humanas diretas, para fins agrícolas e urbanos.

As espécies exóticas invasoras competem com as espécies nativas por espaço, aumentam o risco de dispersão de parasitas e doenças e põem em risco o frágil equilíbrio ecológico.No Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa (PR), foi necessário realizar um processo de "desinfecção biológica".

Árvores como pinus e "uva do Japão" estavam infestando o local, tomando o lugar de araucárias, cedros e outras espécies. Para preservar a mata nativa, esses "invasores" tiveram de ser cortados. A decisão foi polêmica, pois a população não está acostumada a aceitar passivamente a derrubada de árvores, especialmente dentro de um parque estadual.

A maior dificuldade para a implantação de políticas específicas de combate às espécies invasoras é mudar a idéia equivocada que grande parte das pessoas tem sobre ecologia. Dificilmente alguém desconfia que uma simples plantinha ou um animalzinho fofo podem causar danos à Natureza. Diferentemente do que pensa a maioria, nem toda planta ou animal é importante para o meio ambiente e precisa ser protegido. Essa afirmação é verdadeira se essas espécies têm uma função construtiva dentro do ecossistema.

"Mais da metade das espécies invasoras foi voluntariamente introduzida", afirma a engenheira florestal Sílvia Ziller, presidente do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e assessora do The Nature Conservancy (ONG internacional para conservação da Natureza).

A maior parte das plantas exóticas é trazida para suprir necessidades agrícolas, florestais ou paisagísticas. Muitas delas não se adaptam, mas Sílvia explica que uma pequena parte dessas espécies sobrevive, se adapta, se reproduz em grande quantidade e começa a tomar o lugar das espécies nativas.

Nesse momento, ela deixa de ser apenas uma exótica e passa a ser uma espécie invasora.O capim annoni, por exemplo, vindo da África do Sul, foi introduzido para ser usado como grama e alimento do gado. Entretanto, ele é muito fibroso e os animais não conseguiam comê-lo. O capim se proliferou e hoje ocupa mais de 500 mil hectares no Rio Grande do Sul, com elevados prejuízos para a produção pecuária. O annoni já se espalha por quase todo o Paraná, especialmente nas áreas de pasto e beira de estradas.Outro exemplo negativo é o do caramujo gigante africano, introduzido no país em 1988 como alternativa para o cultivo de escargot. Como não tinha inimigos naturais, os caramujos se espalharam por todo o litoral paranaense.

Alguns veranistas acharam o bicho bonito e o levaram para o interior. Atualmente, ele se proliferou também em Maringá (PR), Foz do Iguaçu (PR) e outras cidades. O problema é que o caramujo gigante é transmissor de um verme que paralisa o sistema nervoso central com extrema gravidade e é uma praga na agricultura.

Em Foz do Iguaçu, existe outra espécie exótica que está dando muita dor de cabeça às autoridades e prejuízo às empresas: o mexilhão dourado, que foi introduzido acidentalmente na América do Sul, trazido do Sudoeste Asiático na água de lastro dos navios. Ele se impregna nas grades protetoras das entradas de água para as turbinas da hidrelétrica de Itaipu.

Segundo a direção da empresa, os moluscos não afetam a geração de energia, mas aumentaram os custos de manutenção e limpeza dos equipamentos. As empresas de saneamento também sofrem, pois os mexilhões obstruem as tubulações de captação de água.



Fonte: Gazeta do Povo