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Resultados recentes comprovam eficácia de vacina contra Leishmaniose Visceral Canina

Editoria: Vininha F. Carvalho 12/09/2008

Embora acometa aproximadamente 70 mil crianças e adultos no mundo e seja considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das seis doenças de origem parasitária mais importante, a Leishmaniose Visceral (LV) continua sendo uma enfermidade negligenciada. No Brasil, essa doença grave e fatal está avançando e, atualmente, está presente em 20 Estados brasileiros.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2001 e 2006, houve um aumento no número de casos, com 4.526 registros no período. A pior situação foi registrada no Ceará, onde foram confirmados 897 casos da enfermidade.

Em São Paulo, por exemplo, o número de registros passou de 94, em 2001, para 289, em 2006. Em 2007, o estado contabilizou 256 casos e 21 óbitos. Até maio de 2008 já foram registrados 35 mortes em toda a região.

Além dos seres humanos, os cães também são seriamente acometidos e, no meio urbano, são considerados os principais reservatórios da doença e, portanto, sua vacinação é hoje peça fundamental no controle da doença. Há quase quatro anos no mercado, a Leishmune, primeira vacina do mundo contra a Leishmaniose Visceral Canina, desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e comercializada pela Fort Dodge Saúde Animal, já protegeu a vida de milhares de cães residentes em áreas endêmicas, levando benefícios a proprietários, médicos veterinários e a toda a população.

Desde seu lançamento, em 2004, a vacina tem despertado interesse por parte dos proprietários e Médicos Veterinários, mas também gerado polêmicas e mitos com relação à sua eficácia, comprovando, neste caso, a falta de informação ainda existente em relação ao assunto.


Estudos comprovam eficácia da Leishmune:

Dois estudos, que embasaram o registro do produto, foram realizados em área endêmica, Rio Grande Norte, em cães naturalmente desafiados e demonstraram 92% e 95% de proteção da vacina, tendo sido acompanhados durante 2 anos e 3,5 anos, respectivamente.

Outro levantamento, realizado em áreas endêmicas dos estados de São Paulo e Minas Gerais, mostra a segurança e proteção da Leishmune.

De 600 cães vacinados no projeto piloto de vacinação (2003), com idade entre quatro meses e 13 anos, 97,3% dos cães apresentaram-se saudáveis 2 anos após o início da vacinação.

Os cães foram acompanhados pelos proprietários durante 14 dias após cada dose da vacina para observar possíveis reações adversas.

Já os veterinários responsáveis pela aplicação observaram os cães durante 40 minutos após cada dose aplicada para identificar possíveis reações alérgicas. Antes da aplicação, foi realizada a sorologia e a avaliação clínica para que somente os cães saudáveis e soronegativos fossem vacinados. A Leishmune também foi aplicada concomitantemente com a Duramune Max 5 Cvk/4L e com a Raivac-I, sem causar qualquer tipo de reação.

Recentemente, um levantamento realizado com animais vacinados na cidade de Belo Horizonte (MG), mostrou uma proteção média de 97% dos cães, variando entre 92 e 100%. Em outras cidades, como Andradina (SP) e Campo Grande (MS), os resultados foram de 98% e 97% de proteção, respectivamente. Atualmente, sabe-se que mais de 60 mil cães foram vacinados em mais de 260 municípios.


A polêmica em torno da vacina:

Apesar de ser um produto regulamentado pelo MAPA, que rege a produção e comercialização de produtos veterinários no Brasil, a vacina não é reconhecida pelo Ministério da Saúde como auxiliar na prevenção da doença para humanos, por não haver comprovação, até o momento, sobre a associação entre proteção canina (já comprovado cientificamente) com a queda nos casos humanos.

O governo mantém até hoje uma lei de 1963 que tem no sacrifício de cães soropositivos a principal forma de prevenir a doença. Mas é importante reforçar que a Leishmaniose é transmitida por um mosquito (flebótomo), portanto o cão é vítima, assim como o ser humano.

Entre outros aspectos, o ministério levanta dúvidas sobre a capacidade de um cão vacinado deixar de ser transmissor da doença. Entretanto, já existem resultados de trabalhos realizados em áreas endêmicas que indicam a incapacidade de um animal vacinado tornar-se transmissor da zoonose (Nogueira et al., 2005; Saraiva et al., 2005 e outros em publicação).

Ainda que o Ministério da Saúde não regule produtos veterinários e não tenha contestado sua eficácia, as dúvidas lançadas sobre a vacina foram interpretadas como uma restrição ao uso, o que gerou uma das principais polêmicas em relação à Leishmune.

Tiago Papa, gerente de negócios sênior de animais de companhia da Fort Dodge, explica que a vacina pode sim ser considerada bloqueadora da transmissão.

"A Fort Dodge já divulgou, por meio de dois estudos científicos publicados em revistas internacionais, que os animais vacinados e expostos ao desafio natural por 11 meses não apresentaram leishmania na pele, no sangue e em linfonodo, o que comprova que cães vacinados não funcionam como fonte de infecção. O mito não está embasado em qualquer trabalho científico e, infelizmente, é um ponto freqüente de questionamento pelos órgãos oficiais e por profissionais da área da saúde", afirma.

Outra questão que preocupa médicos veterinários e proprietários, é que os resultados dos exames sorológicos realizados nas ações de controle da leishmaniose não diferenciam animais vacinados (protegidos) de animais contaminados (doentes). Isso porque o método diagnóstico preconizado pelo Ministério da Saúde identifica apenas anticorpos, presentes tanto em cães vacinados quanto em cães doentes. Entretanto, exames parasitológicos (que identificam a Leishmania) são capazes de definir com precisão se um cão está vacinado e protegido ou infectado (doente).

Papa explica que os testes sorológicos verificam se o animal tem anticorpos. É por essa razão que cães vacinados e doentes apresentam resultados positivos.

"É claro que o cão vacinado vai apresentar resultado positivo, porque qualquer vacina produz anticorpos protetores. O ideal é fazer um teste parasitológico para saber se o animal está realmente doente", afirma. Papa explica ainda que o proprietário que vacinar seu cão e este apresentar resultado sorológico positivo, deve pedir uma contraprova. Pela lei um animal saudável não pode ser sacrificado. "A empresa possui todos os dados de eficácia e segurança do produto que sustentam a finalidade a qual ele se presta - a proteção dos cães", conclui.



Fonte: ADS Assessoria de Comunicação