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Tráfico de animais silvestres aumenta a partir de setembro

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/08/2009

A chegada do mês de setembro é marcada pelo início do período de reprodução das aves silvestres, cujo ciclo reprodutivo prossegue até o mês de dezembro. Neste período aumenta-se a preocupação com a caça e a venda de animais silvestres, que são capturados em seu habitat natural, para serem revendidos nos grandes centros. O tráfico de animais silvestres exige muita atenção da Polícia Militar Ambiental, que registra um grande número de apreensões a partir do mês de setembro, já que a ação dos traficantes de animais aumenta nesse período.

Em Mato Grosso do Sul a ave mais visada é o papagaio, o preferido dos traficantes, e o mais procurado pelos “compradores ilegais”, por ser uma ave que, quando treinada, passa a imitar os sons que ouve.

Em entrevista ao "Aves e Notícias", o policial ambiental Edmilson Paulino Queiroz, da PMA-MS, revelou que os traficantes têm preferência pelos filhotes, pois eles têm um mercado maior nos grandes centros.

“Os principais compradores são os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os traficantes residem em São Paulo e fazem contato com os moradores dos sítios, para que esses avisem quando há filhotes de papagaios para serem retirados do ninho.

Segundo informações da PMA-MS, eles pagam de R$ 20,00 a R$ 50,00 por um papagaio em Mato Grosso do Sul e vendem o filhote por R$ 500,00 nos grandes centros.

“Os traficantes procuram os moradores e convencem essas pessoas para retirar os filhotes. Os sitiantes acabam fazendo isso por dinheiro ou muitas vezes por ignorância, pois desconhecem a legislação brasileira. Procuramos fazer um trabalho de conscientização com esses moradores”, afirma Queiroz.

Outra prática ilegal desenvolvida pelos traficantes é levar ovos de papagaios para colocá-los para chocar. Queiroz alega que “para a ecologia isso acaba não sendo tão ruim, pois se for no início do período de reprodução as fêmeas botam outros ovos e conseguem tirar seus filhotes”, diz.

Em Mato Grosso do Sul, os traficantes costumam agir mais nas regiões de Ivinhema, Novo Horizonte, Anaurilândia e Bataguassu, cidades próximas à divisa com São Paulo, tornando-se uma rota fácil para transporte dos animais. Conforme Queiroz, os pássaros canoros mais procurados são os bicudos, curiós e canários, mas o tráfico é pequeno dessas aves. “O principal é o papagaio”, reforça.

O objetivo principal da ação da Polícia Ambiental é não permitir que essas aves saiam da natureza, pois existe um prejuízo muito grande para o meio ambiente e para o próprio governo, que é obrigado a gastar altas quantias com as aves que são apreendidas com os traficantes e levadas para recuperação em lugares, como o CRAS-MS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

O custo para a recuperação desses animais é muito alto, tornando-se mais viável investir na prevenção ao tráfico, inibindo a prática ilegal.

Legislação:

O policial ambiental Edmilson Queiroz salienta que a lei que pune os crimes ambientais [Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605 / 98], em especial o tráfico de aves silvestres, é muito branda. “Se a pessoa é flagrada com uma ave, ela apenas assina um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), paga uma multa por ave ilegal apreendida e é liberada para responder em liberdade.

O acusado faz uma transação e evita a pena grave, que é de seis meses a um ano de prisão, mais multa”, afirma Queiroz, que ainda complementa, “a lei está muito branda e favorece os traficantes. Nosso trabalho é intensificar as operações nesta época do ano para evitar a ação dos criminosos”.

De acordo com a PMA-MS, atualmente há um trabalho de incentivo para os criadores conservacionistas, aqueles que criam para vender e possuem a autorização. Sem contar a criação de aves exóticas, que podem ser adquiridas com os criadores credenciados.

“Isso é uma boa, pois essas aves nascidas em cativeiro são legalizadas e já saem sem risco de doença. Muitas das doenças oriundas de vírus são transmitidas por animais silvestres. Hoje a grandes criadores de aves brasileiras na Europa. No Brasil ainda falta muita campanha para incentivar esse tipo de criação”, destaca Queiroz.

Por isso, a criação de aves exóticas em gaiolas, por criadores profissionais e credenciados, deve ser incentivada todos os dias, como forma de inibir a ação dos traficantes, que capturam os pássaros diretamente da natureza para vender ilegalmente.

Fonte: Paulline Carrilho/ Portal Aves e Notícias