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Dejetos da pecuária poderiam gerar energia para 4,5 milhões de pessoas

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/08/2009

No Brasil, o esterco dos animais constitui um dos principais problemas ambientais dessa cadeia de produção. Estima-se que o volume desses dejetos, conhecidos como biomassa residual, chegue a 900 milhões de toneladas anos. Desse total, 180 milhões correspondem ao esterco de animais estabulados ou semi-estabulados.

Considerando apenas os esgotos produzidos por esses animais que passam ao menos algumas horas do dia confinados, seria possível produzir 1 terawatt/hora/mês, energia suficiente para abastecer uma cidade com 4,5 milhões de habitantes.

A conta faz parte dos resultados apresentados no livro “Agroenergia da Biomassa Residual: perspectivas energéticas, socioeconômicas e ambientais”, lançado ontem, no 4º Congresso Internacional de Bioenergia, na ExpoUnimed, em Curitiba.

Patrocinado pela Itaipu Binacional e pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a obra é de autoria dos consultores José Carlos Libânio (ex-coordenador de desenvolvimento do PNUD) e Mauro Márcio Oliveira, do jornalista e engenheiro Maurício Galinkin, e do superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley.

De acordo com o estudo apresentado no livro, o tratamento dos dejetos, com a utilização do metano para mover motogeradores (gás que é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico), permitiria o sequestro de 71,3 milhões de toneladas de gás carbônico.

Considerando o valor da tonelada de carbono sequestrado, de 9,4 euros (cotação mais baixa registrada nos últimos meses, em função da crise financeira internacional), o tratamento ambiental dos dejetos poderia acrescentar 651 milhões de euros à renda de produtores rurais no Brasil. E a produção de biofertilizante representaria uma recuperação de 85% do nitrogênio, 15% do fósforo e 43% do potássio previsto para a safra de grãos brasileira em 2008.

Além disso, a economia com o consumo de energia evitado nessas propriedades rurais chegaria a R$ 3 bilhões. Para o representante da FAO no Brasil, José Tubino, o livro é o início de um processo de construção de uma base de informações sobre o tema.

“Hoje, não existem muitos estudos sobre a otimização do uso da biomassa. O Brasil tem caminhado muito no sentido da integração lavoura-pecuária. Por isso, esse tipo de pesquisa é fundamental”, afirma Tubino.

Segundo ele, falta ao país a criação de uma política nacional sobre a geração a partir da biomassa. Por isso ele ressaltou a importância da instalação do Observatório de Energias Renováveis da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), anunciada ontem, na cerimônia de abertura do Congresso.

Resultado de uma parceria entre a Onudia e a Itaipu e com sede em Foz do Iguaçu, o observatório funcionará em rede com outros sete que estão em funcionamento na América Latina (Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Uruguai, Paraguai e República Dominicana).

O representante da Onudi, Asier Erdozain, explicou que o objetivo é formar uma grande base de dados (que pode ser consultada via internet, sobre tecnologias disponíveis nos campos das energias renováveis (biomassa, solar, eólica, geotérmica e hidrelétrica de pequeno porte).

“A ideia é reunir informações em primeira mão sobre as melhores práticas. A base de dados será alimentada diretamente por aqueles que estão envolvidos com o desenvolvimento dessas tecnologias, para que as pessoas não precisem comprar informações”, diz Erdozain.

Fonte: Itaipu Binacional

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