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A Baixada Santista dá um grande passo rumo ao desenvolvimento sustentável

Editoria: Vininha F. Carvalho 06/10/2009

Em anúncio recente o maior porto da América Latina comunica que deseja retribuir que a Região lhe proporcionou, ao longo de 117 anos, com a criação do “Instituto Porto de Santos”, que terá como proposta gerar oportunidades para a comunidade, a partir de programas de responsabilidade social, cultural e ambiental.

Janaina Nogueira Muller, advogada e diretora da Setor 3 Consultoria, assessoria especializada no Terceiro Setor, defende que a criação do Instituto irá ocupar um lugar vago na comunidade portuária.

“Temos acompanhado ao longo desses dez anos de atuação, a modernização das empresas da região e a quebra constante de paradigmas em busca do desenvolvimento sustentável. A responsabilidade social ainda era um “tabu” junto a grande parte das empresas que operam na área portuária, que são as maiores responsáveis pelo desenvolvimento da atividade”, esclarece.

De acordo com a diretora da Setor3, responsabilidade social é um novo modelo de negócio. É a relação transparente em que a organização se posiciona frente a seus funcionários, fornecedores e sociedade.

“Trata-se de um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Assim como as empresas, também são responsáveis pelo relacionamento com seus stakeholders, (acionistas, comunidade, fornecedores, funcionários, todos os grupos de relacionamentos da empresa), portanto devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos, difundindo esse conceito”, argumenta.

A advogada afirma que, a equipe da Setor 3 realizou em maio a primeira pesquisa de mercado, junto a comunidade, para saber o que a sociedade da Baixada Santista sabia sobre Responsabilidade Socioambiental.

“Foram coletadas informações relevantes sobre o grau de conhecimento da população, sobre Responsabilidade Socioambiental e projetos desenvolvidos junto a comunidade pelas empresas”, destaca.

Foram entrevistados 270 pessoas, homens e mulheres de classes A e B, de faixa etária acima de 18 anos. “53,3% dos pesquisados são mulheres, mas o que mais me surpreendeu foi que os jovens de 25 a 35 anos, são os mais bem informados com 33%, isto volta a aquele velho pensamento de educação ambiental desde a escola”, analisa a especialista no Terceiro Setor.

Janaina declara que quando perguntados sobre a definição de responsabilidade socioambiental, 87,4% sabem o seu significado.

“Cada pessoa da sua maneira conseguiu determinar o que essas ações impactam na sociedade como um todo. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a minimização de riscos futuros, como impactos ambientais ou sociais”, relata.

A diretora afirma que a atitude responsável em relação ao meio ambiente e à sociedade, fortalece parcerias e promove a imagem da intuição. “56,3% dos entrevistados conhecem projetos socioambientais das empresas da Baixada Santista”, comenta.

Comprovou-se, através de pesquisas efetivas, também realizadas por institutos renomados como o Akatu, que quatro em cada dez consumidores preferem até pagar mais por produtos e serviços que sejam oferecidos por empresas com um real comprometimento com o meio ambiente, a cultura e a sociedade em que está inserida.

A advogada acredita que a gestão estratégica e comprometida com o conceito de responsabilidade social nada mais é que um processo de introdução e de inovações sociais, com base na adoção de novas atitudes, comportamentos e práticas individuais e coletivas, orientadas por preceitos transparentes e éticos, fundamentadas nos direitos humanos e na eqüidade social.

Outro caso analisado foi o uso do certificado ISO 14001, referente ao sistema de gestão ambiental, que praticamente todas as empresas portuárias possuem e utilizam de maneira incorreta.

"Ter este selo não quer dizer que o desempenho seja menos poluente e também não pode ser atribuído a produtos e sim, à gestão". A ISO 14001 ”não certifica que o negócio seja sustentável, apenas que é realizado dentro da legislação existente”, explica a consultora.


Como que se faz RSE?

Ainda existe muita confusão com o que realmente é Responsabilidade Social e filantropia. Josi Lopes, também diretora da Setor3, acredita que muitas empresas confundem causas sociais com o investimento social privado.

“O investimento social privado é o uso voluntário e planejado de recursos privados em concepção de interesse público. Ao contrário do que muitos pensam, não deve ser confundido com caridade ou filantropia. As estratégias desenvolvidas têm que ter a preocupação de gerar um retorno positivo à coletividade, de forma monitorada e acompanhada”, alega.

Para Josi, a verdade é que a maioria das empresas que afirma investir em causas sociais, usam o investimento para fazer marketing de fachada, ou seja, publicidade voltada apenas para o benefício dos negócios.

“As organizações dizem adotar medidas sócio-responsáveis, mas inúmeras vezes esse conceito foge de qualquer avaliação em prol da sociedade, portanto nossa intenção ao realizar a análise, é perguntar a comunidade se ela percebe essa diferença. Há muitas ações realizadas pelas organizações privadas que são apenas execução da lei, e a comunidade acredita que ela está fazendo algo de outro mundo”, enfatiza.

Após analisar a pesquisa, a consultora constata que há um grande interesse da sociedade em participar de atividades que irão beneficiar a todos. “Cerca de 30% acredita que a divulgação e ações de conscientização aplicadas pelas empresas fariam diferença na imagem perante a população”, ressalta.

Portanto, uma atitude como essa da criação de um Instituto, que atuará em nome de todo o segmento do setor portuário, fortalecerá não somente a imagem do Porto, como elevará a sua atuação em níveis internacionais, de rentabilidade e principalmente de comprometimento com o tão almejado desenvolvimento sustentável.

Fonte: Ana Carolina Arruda