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Guarulhos (SP) é palco de debate sobre a realização dos rodeios

Editoria: Vininha F. Carvalho 29/10/2009

Atualmente, o município de Guarulhos, na Grande São Paulo, é palco de um importante debate. Está em análise nas comissões da Câmara Municipal um Projeto de Lei cujo intuito é permitir novamente a realização de rodeios na cidade. Esse novo texto busca alterar a lei municipal 6033/04, de minha autoria, e que, ao proibir os maus tratos e a utilização de animais em circos, rodeios, vaquejadas e cavalhadas, significou um imenso avanço para Guarulhos, no que se refere ao tipo de sociedade que queremos ser.

Tenho confiança de que a Câmara agirá com sabedoria e não permitirá esse retrocesso. E tenho esperança de que o exemplo de Guarulhos sirva de inspiração a outras cidades do país.

Nos dias de hoje, não é mais aceitável que nós, seres humanos, utilizemos o sofrimento de outros animais como forma de divertimento. É preciso uma mudança de paradigma, condizente com todos os avanços que a civilização humana vem apresentando nas últimas décadas.

Esse desenvolvimento da sociedade pode ser percebido no consenso que existe em relação aos maus tratos aos animais. Nem o mais ardoroso defensor dos rodeios apoia práticas cruéis contra os touros. Então, se a voz uníssona da sociedade já percebeu que não existe humanidade em maltratar outro ser vivo para uma pretensa diversão, e que justamente o que diferencia o ser humano é a capacidade de compaixão, já está na hora de avançar, de mudar os paradigmas e a mentalidade da sociedade.

Saem formas de diversões arcaicas, baseadas no sofrimento e na humilhação aos animais, que são plenamente identificadas com os primórdios da civilização, e entram novas formas de divertimento mais saudáveis e que não necessitem de sangue de outros seres vivos para o entretenimento.

Atualmente, Guarulhos tem uma das mais avançadas leis de proteção aos animais. No entanto, é preciso que o sucesso de Guarulhos seja replicado em mais cidades. Cabe aos cidadãos mostrar às autoridades que houve uma mudança de paradigma na sociedade. E perceber essa transformação é um dever dos legisladores.

A luta pelo fim desses espetáculos cruéis mostra a sociedade que somos e que queremos ser. Trata-se de um processo natural de evolução. Antes do século XX, a mentalidade dominante era de que os animais, como bois, cachorros e gatos, deveriam servir ao homem. Isso mudou. Os direitos dos animais são mais do que uma causa, em muitos locais são uma realidade.

Portanto, não se trata de uma discussão de cunho financeiro ou de negócios. O importante não é se os rodeios vão ou não aumentar a arrecadação de determinado município. E sim que essa prática não tem mais lugar no mundo de hoje.

Esse mesmo processo aconteceu em diversas outras frentes, mostrando que o ser humano faz parte de um ecossistema mais amplo e sensível, e não de que a natureza existe para ser explorada pelo homem.

A sociedade mudou seus conceitos. A ideia de ecologia e a busca pela preservação do meio ambiente já ganharam o coração de crianças e adolescentes, e também de idosos. Na sociedade moderna, não há mais espaço para diversão humana baseada no sofrimento de outros seres vivos.

E dizer não aos rodeios e demais formas de espetáculos cruéis é uma forte afirmação da nossa própria humanidade. É mostrar que mudamos os paradigmas que regem a nossa sociedade e apontar a direção para a civilização que queremos ser.

Autoria:José Luiz Guimarães (PT) é vereador em Guarulhos e líder do Governo na Câmara

Fonte: Fernando Kadaoka