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Pesquisa estuda o som dos animais

Editoria: Vininha F. Carvalho 28/01/2011

Para se comunicar o homem moderno se utiliza de palavras. Quando criança se comunica através de gestos, comportamentos ou produção de sons como o choro. E os animais? Como fazem para se comunicar? O cachorro late. O gato mia. Mas o que eles estão querendo dizer com estes sons? Esse é o objeto de estudo da Bioacústica, técnica aplicada ao estudo da comunicação sonora de diferentes grupos de animais.

Os animais utilizam-se da comunicação sonora para informar a indivíduos da mesma espécie ou a espécies diferentes sobre comportamentos que estão prestes a manifestar, por exemplo: quando estão com fome; para alertar quando algo em seu meio natural está diferente, como forma de proteção à caça predatória; no momento do acasalamento ou quando estão irritados.

O estudo da Bioacústica vem ganhando grande destaque nos laboratórios, pois pode aumentar o conhecimento sobre as características de determinados animais, além de ser uma forte ferramenta na preservação e conservação de diferentes espécies. Trata-se de uma técnica ainda recente no Brasil, quando comparada a outros países.

“A coleta dos sons dos animais é feita pela utilização de gravadores e microfones ou hidrofones (dependendo do objetivo da pesquisa e do tipo de animal que está sendo estudado). Após a coleta, as gravações são passadas para um computador. Para as análises são utilizados programas ou softwares específicos de áudio”, revela a bióloga Louzamira Biváqua.

Esta técnica vem sendo utilizada pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), em parceria com a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que conta com o apoio da Petrobras. O intuito é conhecer melhor as características dos mamíferos aquáticos da Amazônia.

Os primeiros experimentos da técnica, orientados pela coordenadora do LMA, Vera da Silva; foram feitos com peixes-bois da Amazônia (Trichechus inunguis), realizados em 1999, pela então aluna de mestrado Renata Souza Lima. Em 2009, a também aluna de mestrado Giovana Dantas, deu continuidade às pesquisas. Atualmente, o trabalho vem sendo desenvolvido por Biváqua.

Os estudos são realizados com peixes-bois que vivem no Parque Aquático Robin C. Best do Inpa. Segundo Biváqua, os dados coletados com essas pesquisas podem servir para auxiliar os cientistas a entender o comportamento do animal em vida livre.

“Constatamos que os peixes-bois da Amazônia são bastante ativos em termos de produção de som durante o período noturno, o que pode ser uma ferramenta que nos dê condições para que possamos melhorar os estudos em ambiente natural. Essa técnica nos ajuda a conhecer melhor as características destes animais que são discretos e vivem em ambientes de difícil visibilidade”, comenta Biváqua.

Durante as gravações em cativeiro, a maioria dos pesquisadores utiliza planilhas com informações comportamentais dos animais estudados no momento que o som está sendo produzido.

Através da produção sonora, os peixes-bois são capazes de reconhecer os outros indivíduos da mesma espécie o que evidencia que cada animal possui uma característica sonora individual (assinatura vocal). A comunicação sonora é o principal meio de comunicação do peixe-boi da Amazônia e é muito importante, principalmente, no contato mãe e filhote.

“Sabemos que existe um aprendizado vocal. Percebemos que filhotes nascidos em cativeiro, tendem a aproximar suas características sonoras com as características sonoras da mãe. Isso é importante porque se em um determinado ambiente existirem muitas mães com filhote, ela não desperdiçará energia amamentando outras crias além da sua”, explica Biváqua.

Avanços:

O investimento em novas tecnologias vem permitindo que as pesquisas científicas possam avançar a largos passos. No LMA, a técnica da Bioacústica também já foi aplicada a estudos feitos com as ariranhas (Pteronura brasiliensis), botos-vermelhos (Inia geoffrensis) e tucuxis (Sotalia fluviatilis).

Os estudos com golfinhos amazônicos foram realizados no sistema hídrico da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), distante da capital Amazonense cerca de 700 km, pelos pesquisadores Vera da Silva, Jeffrey Podos e Marcos Rossi-Santos. Por meio da pesquisa, eles observaram que as vocalizações produzidas pelo boto-vermelho têm uma estrutura diferente dos típicos assobios emitidos por outros golfinhos.

Já as observações feitas com ariranhas, coordenadas pelo pesquisador Fernando Rosas, vice-coordenador do LMA, foram realizadas com animais em cativeiro, no Parque Aquático Robin C. Best do Inpa e no Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos (CPPMA), situado na área de atuação da Usina Hidrelétrica de Balbina – Presidente Figueiredo - AM. O estudo, realizado pela MSc. Monica Machado descreveu o padrão sonoro da espécie, associando-o ao comportamento apresentado durante a emissão de cada tipo sonoro.

Fonte: INPA