Ave de Rapina
Onça
Cachorro
Cavalo
Gato
Arara

Piscicultura leva vida para rios na região do Alto Tietê

Editoria: Vininha F. Carvalho 16/03/2012

A partir do mês de outubro e até março de 2012, biólogos do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) desenvolvem, em laboratório, a reprodução de três espécies de peixes para repovoar o rio Tietê, entre outros.

Todo o processo, desde a seleção dos peixes até sua soltura, leva em torno de dois a três meses, sendo que o período de desova ou de fertilidade dura cinco meses (de outubro a março).

Entre o período de 2002 e 2011 foram introduzidos aos rios aproximadamente 25 mil Tabaranas e 95 mil Lambaris. A reprodução da Traíra em cativeiro também se encontra nos planos da equipe, porém, os estudos ainda não foram concluídos.

Antes que os peixes sejam soltos, há uma pesquisa para saber se já houve histórico da espécie nos locais em que serão liberados.

A preocupação do DAEE com o repovoamento dos rios de São Paulo vem desde 1972, quando a Barragem Ponte Nova foi construída no município de Salesópolis. O local é uma referência ecológica, diferente para quem vive em uma metrópole.

Quando estamos no ponto mais alto da barragem, onde também se localiza o radar meteorológico do DAEE, é possível ficar horas admirando toda beleza da região. De cima avistamos alguns piscinões, que na verdade são tanques onde começa todo o processo de reprodução de peixes.

Trata-se do Centro de Estudos e de Geração de Tecnologia em Piscicultura das espécies nativas da Bacia do Alto Tietê, que desenvolve atividades científicas e de educação ambiental. Uma delas, o Programa de Aquicultura e Conservação de Recursos Biológicos Aquáticos.

Funcionando desde 2002, o objetivo é repovoar rios e também incentivar a criação dos peixes com dificuldade de reprodução natural devido ao obstáculo físico que encontram nas barragens.

“A Tabarana é da família do Salmão, e peixes dessa família têm hábitos de migrar, ou seja, precisam subir o rio para se reproduzirem. Como existem cinco barragens nessa área, os peixes têm dificuldades de ultrapassá-las para se reproduzirem”, explica o biólogo Marcos Faria, da equipe técnica do programa de piscicultura do DAEE.

Os peixes recebem uma indução hormonal para que possam criar mais ovos e mais avelinos, consequentemente. Após a época de desova, eles são armazenados em sacos plásticos para a soltura, que ocorre numa vez por ano, em maio, em diferentes locais e rios de São Paulo.

Mas, engana-se quem pensa que este é um trabalho fácil. Os rios da região possuem um histórico de muitas famílias diferentes de peixes e, por enquanto, a equipe trabalha na reprodução dessas três espécies: o peixe Tabarana e a Lambari que, desde o ano passado, inclusive, é subdividida em duas famílias.

“Antigamente, os lambaris eram tratados como uma espécie só, porém, fizemos um estudo e constatamos que geneticamente são diferentes”, disse o biólogo.

Para cada espécie existe um determinado processo de reprodução, dependendo se o peixe é carnívoro, se produz ninho com facilidade ou não, entre outros fatores. O peixe Tabarana é o que se tem mais cuidado e maior monitoramento. O biólogo Marcos Faria explica que depois de separarem machos e fêmeas e de fazerem a indução hormonal, os peixes desovam e surgem as larvas.

Elas já dão índices de canibalismo e por isso é necessário um controle na sua alimentação para não comerem uns aos outros antes do término do processo de reprodução.

“Já no laboratório, fazemos um tratamento com artêmia (alimentos vivos, ricos em proteínas e vitaminas que ajudam no desenvolvimento do organismo do peixe) e com ração que é, na verdade, um treinamento alimentar. Isso não faz com que os peixes parem de comer outros peixes, então não terão problemas após a soltura nos rios”, conclui Marcos Faria.



Fonte: DAEE