Editoria: Vininha F. Carvalho 06/08/2013
Foram quase 20 horas e 2 mil quilômetros de viagem, da Vila de
Itaúnas, município de Conceição da Barra, norte do Espírito Santo, até Foz do Iguaçu.
Às 16h08 da quinta-feira (1º/8), chegaram mais dois integrantes
para o plantel de harpias do Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib) do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV).
Com eles, a Itaipu tem no plantel 18 exemplares – um dos maiores do País. O macho e a fêmea adultos, com idade estimada entre 10 e 15 anos, vieram da Organização Não Governamental Amar (Ave da Mata Atlântica Reabilitada) já em idade reprodutiva.
Em 2012, este casal fez uma postura de ovos; a expectativa é que durante o próximo período de reprodução, entre setembro deste ano e março de 2014, eles façam uma nova postura.
“Essas permutas com outras instituições são importantes para garantir que haja diversidade genética entre as aves”, informou o veterinário Wanderlei de Moraes, da Divisão de Áreas Protegidas da binacional.
O tempo de quarentena dos recém-chegados será curto. A princípio,
eles ficarão separados até passarem por exames de sangue, fezes, DNA, entre outros; depois, serão levados à câmara de cria para se reaproximarem.
“Esse isolamento inicial é importante até mesmo em função do estresse da viagem”, explicou o biólogo Marcos José de Oliveira, também de Itaipu, que acompanhou as aves durante o trajeto.
As harpias viajaram separadas, em duas caixas vedadas, para evitar que vissem a movimentação do lado de fora. A primeira parte do trajeto foi pela estrada e a segunda, de avião. Ambas exigiram cuidados especiais com a alimentação, a higiene e a segurança.
Na chegada, a tampa da própria caixa serviu de “escudo” para Oliveira soltar as aves no quarentenário.
A fêmea é maior, pesa cerca de 7 kg e é muito mais tranquila. O
macho, com aproximadamente 5kg, mal libertado da caixa, já quis atacar.
“Esse é um excelente sinal. Machos que defendem seu território têm mais chances de procriar”, disse Marcos.
- Plantel:
A primeira harpia chegou ao RBV em 2000, após uma apreensão. Era um macho. A fêmea só chegou dois anos depois, por meio de uma doação. Entre os 18 integrantes do plantel há três casais, dos quais um já reproduziu.
“As harpias são monogâmicas, os casais ficam sempre juntos. Fêmea e macho protegem o ninho, que é um elemento muito importante para a espécie, uma referência para adultos e filhotes”, disse Wanderlei.
Futuramente, a ideia é manter seis casais de harpias no Refúgio, com a prática da permuta com outras instituições. O recinto onde elas ficarão está em fase de reforma e ampliação, mas os cuidados da equipe do RBV são constantes, em qualquer espaço em que as aves estejam – dos amplos recintos às caixas de transporte.